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Como encarar o primeiro “Eu te odeio” do seu filho?

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Olá mamães e papais!

Primeiro…desculpem a todas mães e não mamães ainda, que vinham acompanhando meus textos sobre o mundo infantil por aqui. Muitas mudanças na minha vida não me permitiram continuar com o compromisso de escrever rotineiramente sobre minhas experiências maternas. Mas ontem à noite aconteceu algo entre mim e meu filho de 2 anos e 8 meses que me levou às lágrimas, a insônia, a uma pesquisa na WEB e fiquei com vontade de compartilhar com outras mães o acontecido. Além de conhecer outras experiências para ter uma idéia de como encarar uma situação destas.

Depois de quase 1 ano desempregada e me dedicando integralmente ao meu filho, retornei ao mercado de trabalho, o que o impactou bastante durante todo o primeiro 1 mês e meio (mais ou menos). Agora depois de quase 3 meses, percebo que ele já incorporou a mudança, porém não sem cobranças, pois somos muito grudados. Até aí tudo normal e sob controle.

Bom, vamos ao ponto: ontem à noite fomos a um restaurante, como temos feito todas às sextas. Ele, o pequeno, já sabendo que é a prévia do final de semana, não quis tomar banho antes de o pegarmos na casa da avó. Isso com a intenção de que eu desse o banho na volta do jantar. Como de costume, ao chegarmos em casa, enchi a banheira e fomos tomar banho, mas já era mais tarde que o habitual e a temperatura estava bem fria (e eu bem cansada), assim fui direcionando para que o período da brincadeira se encerrasse mais cedo que o usual. Ele resistindo, queria brincar mais. Até que agarrou o sabonete e disse que não me devolveria , pois estava dando banho no seu barquinho. Eu já havia dado banho nele e só faltava tomar o meu próprio banho, então disse que se ele me emprestasse o sabonete eu poderia me lavar e ele continuaria brincando de outra coisa. Entre idas e vindas, o impasse aumentou em segundos e ele atacou o sabonete na minha direção junto com o barquinho. Isso me deixou furiosa e eu retornei com um “Você está me batendo? Já que já acabou o seu banho vou chamar o seu pai agora para te pegar. Estou triste com você”. Enquanto eu gritava pedi ao meu marido para vir buscá-lo, ele começou a chorar e berrar e soltou : “ Eu é quem não quero mais brincar com você. Você não me cuida, só a minha avó me cuida!”.

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Gente, na hora meus olhos se encheram de lágrimas e foi muito difícil manter o controle. Ele já tinha  pego outro brinquedo na beirada da banheira e ele ainda estava chorando, quando eu do outro lado (já chorando também), soltei: “Ah, eu não cuido de você?! Eu trabalho para poder cuidar melhor de você e a vovó me ajuda. Já que eu não cuido de você, então deixe todos esses brinquedos aí e vá se trocar com seu pai.” Foi o momento em que meu marido chegou ao banheiro, o pegou para trocar e viu a cena de horror, um chorando de um lado e outro chorando do outro.

Eu percebi, nesta minha última ação que desde a 1ª vez que ele começou a chorar depois de me atacar o sabonete ele já chorava com arrependimento por estar me atacando, mas foi mais adiante no ataque e quis me magoar com palavras e ao perceber que tinha conseguido, talvez mesmo sem entender completamente o impacto de suas palavras, e ele ficou ainda mais arrependido e chorava ainda mais.

Eu fiquei muito confusa com meus próprios sentimentos na hora, me magoei de fato, mas ao sair do banho e ver ele em prantos explicando pro pai tudo o que tinha acontecido, ao seu modo, terminei de me trocar, o abracei, disse que o amava e fui acalmando-o, mas sem perceber as lágrimas vieram de novo ao meu rosto. Ele, já bem mais calmo, não chorava mais me perguntou: “ Por que você está chorando, mamãe?” e eu respondi – “Porque eu fiquei triste com o que você me disse, que eu não cuido de você” – e, nesse momento, ele voltou a chorar copiosamente e me disse “Você cuida de mim, diculpa” e eu voltei a abraçá-lo e disse que  o amava e o perdoava , mas que tinha o direito de me chatear e nos acalmamos. Brincamos um pouco, assistimos um desenho e o coloquei para dormir.

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Isso tudo me fez lembrar de um episódio na minha infância, eu então com uns 7 anos,  disse à minha mãe que a odiava e ela demonstrou sua tristeza por semanas com o ocorrido. Lembro-me bem que eu não sabia o sentido completo do ódio, mas quando usei o recurso sabia do peso que ele tinha e por isso o usei. Mas gente, eu tinha uns 7 para 8 anos, o meu filho não tem 3 anos completos!!!

Isso me tirou o sono e me pôs a refletir em muitas coisas: a primeira delas é que é uma tremenda bobagem subestimar o entendimento de crianças tão pequenas, sei que meu filho chegou a essa reação numa crescente por não saber lidar com sua frustração e ensiná-lo a lidar com suas frustrações também é demonstrar o quanto ele pode ferir os outros com as palavras.

Não concordo com o que dizem os psicólogos que essas reações não são pessoais. Óbvio que ele estava demonstrando sua frustração pela interrupção da brincadeira, mas como quem estava brincando com ele era eu, nada melhor do que expressar para minha pessoa o quanto ele estava triste por ter que interromper a brincadeira, assim não entendo como não me chatear, que blindagem emocional posso fazer para isso?

Confesso que ainda estou chocada e não tenho a menor idéia do que vem pela frente e o mais maluco de tudo é ter a certeza de que vou amá-lo apesar de tudo.

E você, já enfrentou isso?

Beijos a todos e Boa Semana.

Rach

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Fontes de imagem: http://parentinguru.com/tag/babies/, http://poetry.rapgenius.com/F-scott-fitzgerald-the-great-gatsby-chapter-ix-lyrics#note-1069842


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